Cidades Irmãs


No século XVI Olinda se tornou a joia da coroa portuguesa, centralizando a produção de açúcar das planícies aluviais vizinhas. Recife era apenas um apêndice, um ístimo arenoso e estreito que se prolongava em direção ao sul, conduzindo o Rio Beberibe para o encontro com o Capibaribe na formação de um porto natural protegido por arrecifes areníticos.
Para os holandeses da Companhia das Índias Ocidentais, Olinda, situada em um promontório como as cidades medievais europeias e distante do escoamento direto dos produtos, era um espaço perigoso com suas ruas tortuosas e estreitas propícias para emboscadas.
Sendo assim, durante o domínio holandês (1630-1654), optou-se pelo controle de escoamento da produção, e Recife se tornou foco da ocupação e alvo de projetos de ampliação que culminaram com o sonho urbanístico Nasoviano de uma nova cidade no lugar onde hoje se situam os bairros de Santo Antônio e São José.
Os mapas dessa sala ilustram a beleza da cartografia descritiva do século XVII e mostram as duas realidades urbanísticas vigentes no novo mundo, no qual a construção de cidades obedecia essencialmente a dois parâmetros distintos.
Olinda representava o modo medieval e orgânico de urbanismo português, no qual, sobreposto a um morro, o espaço ia sendo tomado pelas casas que  formavam as ruas e estas acompanhavam os percalços do terreno íngreme sem preocupação com traçados retilíneos (ver mapa 04).
Recife, embora tivesse o ístimo ocupado da mesma maneira que Olinda, carecia de espaço seco e cresceu rapidamente em direção a ilha de Antônio Vaz (Santo Antônio) acarretando no projeto de uma área dentro das influências dos modernos modelos racionalistas do Renascimento. O traçado retilíneo foi então associado as tecnologias de controle das águas típicas do planejamento flamengo, através da construção de diques, canais e pontes. O resultado foi o projeto da Cidade Maurícia, ainda inacabado e abandonado quando da expulsão dos holandeses (ver mapa 03)
Embora ilustrem contextos tão distintos (mapa 02), as duas cidades são apresentadas como universos paralelos complementados por uma geografia que nos remete ao imenso esforço de ocupação do território brasileiro. A tomada geral representada em frente (mapa 01) legado complementar da topografia, retrata, em perspectiva, a vista da paisagem desde os arrecifes com riqueza de detalhes que expressam a arquitetura e do urbanismo flamengo no Brasil.


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